
Da primeria vez que pulou, de cabeça, nas frias águas do lago, sentiu como a profundeza do desconhecido tomava conta de seu corpo. Pensou na impossibilidade de voltar à superfície, logo descartada pelo fato de saber nadar. Sempre soube, mas acreditava que pudesse desaprender a qualquer instante. Nadou por um bom tempo sem respirar, bisbilhotando a cada braçada. Teve vontade de ficar ali com o deseconhecido. E teria ficado. Mas a procura por ar para alimentar seus pulmões levou-a desesperadamente de volta ao limite entre céu e água.
Outra vez ali, teve medo. Não sabia muito bem qual era sua vontade. Sabia que se pulasse de novo, não conseguiria ficar no fundo pra sempre, como antes fora desejado. Não queria experimentar a volta à superfície, e isso era o que a deixava duvidosa. Mas mesmo assim pulou. Bem pro fundo. Nadou, e deixou que a solidão entre água e corpo dominasse a experiência. A sensação de estar ali, e só, era única.
E foi entao que aconteceu. Como num piscar de olhos, desaprendeu a nadar. Simples assim.